segunda-feira, 29 de março de 2010

A arte pagã de pintar ovos de Páscoa

A Páscoa está chegando novamente e lembrei da fantástica arte e tradição pagã dos ucranianos em colorir ovos. São infinitas possibilidades de simbologias, tudo muito bem elaborado com cores e pura magia. Confira clicando no link do título.

terça-feira, 23 de março de 2010

"O Alimento tem desempenhado um papel significativo em celebrações de todos os tipos. Em épocas remotas, a Terra e a sua abundância eram conectadas com as Deusas e os Deuses. As frutas, as sementes, as raízes e as flores eram todas manifestações da divindade. Uma vez que perdemos o conhecimento das antigas magias, também esquecemos a tradição mística dos alimentos. Entretanto, energias infinitas ainda vibram no interior de nossas refeições. Elas esperam por nós para percebê-las e usá-las."

In: Scott Cunninghan - Enciclopédia de Wicca na Cozinha
Presente que ganhei do amigo Allan...


segunda-feira, 22 de março de 2010

Culinária e Magia da Água

Os alimentos dos mares e rios

Os peixes nadam no mar, nos rios e nos lagos. A Água de forma mágica fortalece a consciência psíquica. A carne dos peixes também é mais fácil de digerir do que a carne vermelha. Estes fatores indicam que os peixes são excelentes para aqueles que desejam aumentar a consciência psíquica. Peixe escaldado, peixe ensopado e sopas são particularmente potentes para esse propósito. Devido à sua longa associação com o amor, os peixes também são excelentes alimentos para se consumir a fim de expandir a sua habilidade de dar e receber amor. Também se achava que o caviar e o peixe eram afrodisíacos. Se o interesse pela atividade sexual for um problema, coma peixe e visualize.

In: Enciclopédia de Wicca na Cozinha - Scott Cunninghan/Ed.Gaia Alemdalenda

Dia da Água

Preservar Usar com consciência Dosar Sentir Valorizar

Água: Quem dera um dia a Água, Terra, Ar não precisem ter um Dia destinado à conscientização de nós, humanos seres dependentes da natureza. Que possamos aprender a cuidar e zelar dos nossos bens naturais, com responsabilidade. Enquanto isso não é fato, vamos celebrar o Dia Mundial da Agua, refletindo sobre seu uso, sua importância e em como estamos nos relacionando com ela. Essa data foi criada pela ONU com objetivo de chamar a atenção do mundo para a realidade de escassez e necessidade em torno da Agua. O importante de fato agora é, buscar alternativas e práticas rápidas para salvarmos nossa planeta. A água é o elemento que deu origem e sustenta a vida no planeta Terra. Sem a água, nenhuma espécie vegetal ou animal, incluindo o homem, sobreviveria. Cerca de 70 porcento da alimentação e do corpo humano são constituídos por água. A ONU aproveitou a data e anunciou a "Declaração Universal dos Direitos da Agua".

Brux@s conscientes com o uso da água:

  • Ao lavar a louça - ensaboe tudo primeiro com a torneira fechada e na hora de enxaguar, deixe a água da louça mais limpa ir caindo sobre a louça mais suja. Eu costumo ferver um pouco de água antes e jogar por cima da louça mais engordurada antes de iniciar a lavagem. Ajuda a tirar o excesso de gordura e assim podemos usar menos detergente na esponja.
  • Verifique possíveis vazamentos em casa, no prédio e preste atenção se há alguma torneira pingando. Corrija esses defeitos.
  • Descarga - evite dar descargas desnessárias, são inúmeros litros de água a cada vez que apertamos o botão.
  • Enquanto escovamos os dentes podemos manter a torneira fechada.
  • Acumule roupas para lavar todas juntas. Deixar de molho também ajuda na pré lavagem.
  • O banho pode ser o grande vilão do consumo exagerado de água: ensaboar-se ou passar xampu e cremes no cabelo podem ser feito com a torneira fechada.
  • Recicle a água da máquina de lavar para lavar calçadas ou regar jardins.
  • Evite lavar carros, calçadas, e qualquer tipo de desperdício de água.

sábado, 20 de março de 2010

O que eu ofereceria em honra à Vênus

http://goo.gl/z5wd

Receitas no link acima, deliciem-se com as imagens:

Ano de Vênus

Despedida do Sol... brilhou, aqueceu, trouxe calor, motivação e muita coisa boa mas, agora é hora de agradecer aos raios solares de 2009 e dar boas vindas à energia do amor e da beleza, presentes em Vênus.

Minha proposta aqui é, abrir um espaço prá pensarmos na energia desse planeta, influenciando a culinária mágica. Quais seriam os sabores, aromas, cores, texturas e quais cardápios poderíamos elaborar em honra aos poderes de Vênus. Vale de tudo um pouco se, pensarmos magicamente: um jantar a dois, uma boa mesa para os amigos ou até uma receita para comermos sós, basta bom gosto, refinamento e beleza. Desejo trazer textos com receitas e dicas das amigas e amigos, brux@s ou não, chefs, glutões e quem mais quiser opinar. Basta colocar a imaginação à serviço de Vênus. Aos bons amantes da mesa, dos prazeres imensuravéis do paladar venham dar boas vindas comigo à gula, totalmente permitida entre nós. Que venha Vênus a nos inspirar e abençoar. Amor e beleza prá nossas vidas nesse novo ano astrológico!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Chocolate de alfarroba - Páscoa com saúde

Ainda bem que continuo aberta aos novos sabores. Ganhei um bombom de alfarroba e nunca tinha ouvido falar disso. Se ninguém contar que não tem cacau dá prá acreditar que se trata apenas de um inocente chocolatezinho. Na verdade é muito mágico: Sem açúcar, sem lactose, sem glúten. Perfeito e saudável. Só hoje, pesquisando que fui descobrir mais detalhes:

A alfarrobeira é uma árvore selvagem, nativa da costa do Mediterrâneo. A alfarroba é sua vagem comestível, semelhante ao feijão, de cor marrom escuro e sabor adocicado, utilizada pela indústria de alimentos na produção de gomas e espessantes. O pó ou farinha de alfarroba derivado da polpa da vagem torrada e moída é utilizado para substituir o cacau. Esse pó, contudo, possui expressiva diferença em relação ao cacau no conteúdo de açúcar e de gordura. Enquanto o cacau possui até 23% de gordura e 5% de açúcar, a alfarroba possui 0,7% de gordura e um alto teor de açúcares naturais (sacarose, glicose e frutose), em torno de 38 a 45%.
A alfarroba é um alimento saudável e de elevado valor nutritivo. Contém vitamina B1- colaboradora para o bom funcionamento do sistema nervoso, músculos, coração e melhora na atitude mental e o raciocínio - tanto quanto o aspargo ou morango, a mesma quantidade de niacina (mantém a boa condição da pele) do feijão fava, lentilha e ervilha, e mais vitamina A, que é essencial para o crescimento dos ossos e dentes, vitalidade da pele e saúde da visão, do que a berinjela, o aspargo e a beterraba. Possui ainda alto teor de vitamina B2 (responsável por extrair energia de gorduras, proteínas e carboidratos no nosso corpo), cálcio, magnésio e ferro, bem como um correto balanceamento de potássio e sódio. Não possui qualquer agente alergênico ou estimulante tais como a cafeína e teobromina presentes no cacau. Embora apresente um alto teor de açúcares possui um baixo conteúdo calórico devido à quantidade quase imperceptível de lipídeos (gorduras) e alta quantidade de fibras naturais. O efeito benéfico dessas fibras naturais na flora intestinal se dá pela proteção da membrana mucosa do intestino, bem como pela redução significativa da incidência de diarréias indefinidas, desordens nutricionais e incidência de úlceras.
A alfarroba, também designada por "chocolate saudável" é utilizada em vários processos industriais, nomeadamente na cosmética, alimentar e farmacêutica, sendo nesta última empregada apenas como espessante para dar forma a alguns comprimidos. Estudo recentes mostraram que a alfarroba não contém glúten e possui potencial antioxidante muito elevado, semelhante ao do azeite e superior ao do vinho, o que leva os investigadores a acreditarem que os compomentes do fruto pode ser úteis no combate aos radicais livres e doenças crônicos-degenerativas. Também reduz efetivamente a assimilação da ingestão diária do excesso de colesterol, devido ao seu teor e qualidade das fibras. Seu poder na redução do colesterol do sangue é o dobro de outras fibras.
Fonte: www.bemalimentado.com.br/alfarroba


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Niver: 1 ano de Culinária e Magia

Só hoje me dei conta que, ontem fez um ano do blog. Antes tarde, do que nunca! Fiquei pensando como foi o desenrolar desse ano de blog. O primeiro que realmente me dediquei, vibrei com cada post, coloquei o melhor de mim aqui. No início não sabia que linha seguir, sobre o que exatamente iria escrever. Sabia que tinha duas paixões muito bem alinhadas na minha vida: comer e ser bruxa. Sabia também, do quanto é possível e agradável unir essas duas categorias num caminho paralelo, através de um universo mítico e lúdico, capaz de me fazer pensar sobre o que como, do que gosto, do que desconheço e do que me traz prazer. A verdade é que o blog aconteceu. O blog serviu como uma espécie de "vigilantes do peso" na minha vida. Nos primeiros meses, pude perder alguns quilos apenas postando e pensando no que como e porque como. Funcionou! Estive em alerta durante meses, preocupada com a saúde, através da boca. E que boca nervosa tenho eu...rs! Repensei a cultura culinária da minha família, vinda através da minha mãe, dos hábitos que ela tinha e seus anseios pessoais, dos padrões que carreguei através dos anos e tenho chance de mudá-los, porque agora, os conheço. Mas não foi sempre assim durante o ano. Na verdade por um bom tempo, esmoreci, falhei, embora não me culpe e seja capaz de assumir isso. Ganhei alguns quilos perdidos, comi mais do que precisava ou devia e isso se deu no fim do ano agora. Desculpinha à vista: foi o Natal e Ano Novo...rs! Não há como fechar a boca nessa época. Agora o ano começa de fato e vou dar um restart na proposta inicial do blog. Pensar e comer; comer e pensar. Palavra de bruxa!
E o primeiro pedaço desse bolo vai para todos seguidores que, surgiram de vários lugares. Alguns desses 11 fiéis seguidores eu conheço, outros não. Vai também para todos que já deram um clickzinho por aqui, leram ou ensaiaram ler algum dos posts. Valeu gente, vai ter mais!

Cuidado com a tacocracia - Mario Sergio Cortella

Estou lendo o livro do filósofo e educador Mario Sergio Cortella, "Não Nascemos Prontos - provocações filosóficas" e pensando nas ligações entre comida e magia. Em seu terceiro capítulo,"Cuidado com a tacocracia", sua abordagem diz respeito a pressa que existe no mundo contemporâneo e a necessidade de se vencer o tempo. Abaixo reproduzirei na íntegra o capítulo. Fiquei imaginando um mundo tão rápido e sem tempo hábil para quase nada: comer bem, dormir relaxadamente, pensar, divertir, viver o ócio e etc., parece-nos impossível nesses tempos de pressa de uma sociedade que "precisa" vencer os desafios do tempo e se organizar cada dia melhor. Em postagens anteriores desse blog já tratei do assunto dos fast-food, da pressa e da saudade dos antigos e demorados almoços em família. Para a sociedade de consumo, "tempo é dinheiro" e a demora num restaurante parece ilícita e imoral. A criação das redes de comida rápida, mesmo sem sabor ou qualidade, foi conveniente aos apressadinhos de plantão, que precisam bater metas absurdas, estabelecidas por suas empresas e mostrar produção a todo instante. Tudo isso me levou a pensar se não tivermos mais tempo disponível, como seria um fast-ritual, ou uma fast-magia da culinária? Eu sei que há pouco tempo para cozinhar em casa, pouco tempo para enfrentar as filas dos supermercados, feiras livres ou sacolões. Apenas quero reforçar a idéia de que num mundo que tem tanta pressa, para nós bruxas e bruxos não há como se adiantar. Na magia cada etapa tem sua importância para o resultado final e não há como dizer: farei um ritual rapidinho e já volto. Na magia temos que desacelerar, respirar, beber água e colocar a mão na massa ou no nosso altar e em seus instrumentos sagrados. Conectar-se com o divino requer tempo, dedicação e emoção. Coisas que o "fast world" não vai conseguir destruir nas nossas práticas, eu assim espero!


Cuidado com a tacocracia...


Se você não se cuidar, a tacocracia vai te pegar!

Os antigos gregos , avós da cultura ocidental, quando usavam o termo tákhos (rápido) para expressar uma característica ou a qualidade específica de algo, não poderiam imaginar que um dia seus herdeiros fôssemos capazes de escolher a velocidade como o principal critério de qualidade para as coisas em geral. Estamos próximos, muito próximos, de uma tacocracia, na qual a rapidez em todas as áreas aparece como um poder quase despótico e como exclusivo parâmetro para aferir se alguma situação , procedimento ou relação serve ou não serve, é boa ou não. A pressa não é mais inimiga da perfeição? Devagar não se vai mais ao longe? Há, ainda, algum valor que possa ser atribuído a algo que demora um pouco mais para ser feito, fruído ou conquistado? Não; não temos mais tempo! Cada dia levantamos mais cedo e vamos dormir mais tarde, sempre com a sensação de que o dia deveria ser mais extenso ou não soubemos nos organizar direito. Nem o relógio olhamos mais para ver que horas são, mas, isso sim, para verificar "quanto falta". É essa urgência de visualizar o intervalo espacial entre os ponteiros que fez, por exemplo, com que os relógios de pulso digitais não obtivessem sucesso duradouro, pois precisam ser lidos, em vez de apenas percebidos de relance; hoje, só os usam os que têm algum tempo sobrante para fazer cálculos.

Vai demorar para ficar pronto? Vou demorar para aprender isso? A conexão é demorada? A leitura desse livro é demorada? A visita ao museu é demorada? O culto é demorado? Aprender a tocar esse instrumento é demorado? Cuidar mais do corpo é demorado? Demora para fazer essa comida? Então não posso querer. Será um exagero pensar que estamos sendo invadidos pela tacocracia? Bem, lembremos somente uma situação modelar: a alimentação. Embora não seja uma das maiores fontes de prazer e convivência para nossa espécie, querem que eu, o tempo todo (em vez de ser opção eventual), procure um tipo de comida em função da qual não precise pensar muito para selecionar - posso numerá-la, no lugar de nomeá-la - e, claro não espere além de um minuto para recebê-la. Ademais, essa comida deve ter uma consistência que me permita dispensar o trabalho de mastigar muito, podendo comê-la com as mãos, após ser tirada do interior de um saco de papel. O melhor de tudo é que eu consigar fazer isso sentado em fixos banquinhos desconfortáveis (diante de incomôdas mesas) ou, como ápice civilizatório, dentro do carro, enquanto dirijo. É prático, sem dúvida. Mas, é bom? Possibilita que eu ganhe tempo, mas, o que faço com o tempo que ganho? Vou desfrutar mais lentamente outras coisas ou continuo correndo? Tem alguma coisa errada nessa turbinação toda. Afinal, para além dos gregos que traímos, vamos pelo menos respeitar os latinos, para os quais curriculum vitae significava o percurso da vida, e não a vida em correira...

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Happy Valentine's Day !!!

The New York Times 14/02/2010

Comidas afrodisíacas não tem respaldo científico Sarah Kershaw

Casais que pretendem levar o jantar do Dia de São Valentim [o dia dos namorados nos EUA e Europa] a uma conclusão satisfatória podem ficar tentados pelo menu especial oferecido pelo restaurante One if by Land, Two if by Sea em Manhattan e, em particular, pela sobremesa Floresta Negra. É uma barra de brownie de chocolate e pistache com palitinhos de chocolate merengue, creme fresco, sorvete, gel de cereja e cerejas doces. Mas atenção! Um estudo descobriu que o cheiro das cerejas diminui significativamente o desejo sexual nas mulheres. Há outro problema com a Floresta Negra e as zilhões de outras formas de chocolate que serão consumidas neste fim de semana: a reputação do chocolate como afrodisíaco é superestimada, dizem os pesquisadores dos alimentos. Romântico e profundamente prazeroso, sim, especialmente por causa da tendência de derreter na boca à temperatura do corpo. E de fato ele contém alguns químicos como a feniletilamina, que produz a sensação de euforia. Mas um estudo amplamente citado mostrou que uma pessoa de 60 quilos teria que comer 11 quilos de chocolate de uma só vez para alterar significativamente seu humor. Mas quem ficaria de bom humor depois de comer 19,2% do seu peso corporal em chocolate?

Por outro lado, o fondue de chocolate oferecido no cardápio de dia dos namorados no MidAtlantic em Filadélfia vem com uma possível arma secreta para qualquer um que queira deixar um homem no clima para o amor: donuts (rosquinhas). Mas não vá com muita sede ao pote, porque de acordo com um estudo, a resposta sexual masculina aumentava com o aroma de donuts apenas se ele estivesse combinado com o de alcaçuz, o que não é exatamente uma combinação padrão. (A única combinação de fragrâncias que o estudo descobriu ser mais potente é uma talvez bem menos comum: lavanda com torta de abóbora). Entre todas as legiões de supostos afrodisíacos, pouquíssimos foram comprovados cientificamente por causarem efeitos libidinosos duradouros em certas partes do corpo fora o estômago. Mas a última década trouxe novas tentativas de medir a resposta sexual à comida, assim como mais pesquisas por parte de chefs de cozinha e acadêmicos sobre as conexões entre o aroma, a comida, as emoções e a experiência sensual.

A pimenta chili, por exemplo, acelera o pulso e induz ao suor, imitando o estado de excitação sexual, assim como estimulando a liberação de endorfinas, que desempenham um papel importante no prazer sexual, de acordo com Meryl S. Rosofosky, médico e professor adjunto do departamento de Nutrição, Estudo dos Alimentos e Saúde Pública da Universidade de Nova York. Ainda assim, quase qualquer um que diz saber o que é ou não é afrodisíaco, desde abacates até língua de zebra, reconhece que tudo é altamente subjetivo. Como a Dra. Ruth notoriamente declarou: “o órgão sexual mais importante está entre os ouvidos”. A cultura e a tradição têm um papel importante. Alguns alimentos com fama de afrodisíacos, como manjericão, alecrim, mel, uvas e nozes de pinheiro, eram desejados pelos gregos e romanos antigos e europeus medievais por seus grandes poderes libidinosos. Ou, como o foie gras, caviar, trufas e champanhe, eles eram exaltados como presentes românticos por causa de sua raridade e luxo.

Outros, como figos, aspargos e pepinos, há muito são vistos como eróticos por causa de sua semelhança com os órgãos sexuais feminino e masculino. Alguns ingredientes são considerados sensuais por conta de como são comidos, por exemplo, “ao comer juntos de um mesmo prato”, como escreveu Rosofsky no verbete sobre afrodisíacos na “Enciclopédia da Comida e Cultura” (Scribner, 2002), ou, no caso das ostras, “por chupar e sorver de forma sedutora”. Alimentos com nutrientes que podem potencialmente aumentar a fertilidade e a virilidade atraíram mais interesse dos pesquisadores, cozinheiros e praticantes da medicina alternativa nos últimos anos. Entre eles está, novamente, a ostra, que contém zinco, ligado ao aumento da produção de esperma. (Entretanto, uma pessoa deficiente em zinco teria que massacrar enormes quantidades de ostras antes de perceber qualquer diferença.) O alho contém um aminoácido que incentiva a circulação sanguínea e poderia aumentar as ereções, de acordo com Rosofsky.

Há diferenças surpreendentes entre as culturas em relação a que tipos de alimentos são vistos como prazerosos. Rachel S. Herz, uma especialista na psicologia do olfato, escreveu em seu livro “O Aroma do Desejo” (William Morrow, 2007) que os “asiáticos consideram o cheiro de queijo hediondo, mas os ocidentais o veem como algo entre 'comfort food' e uma indulgência suntuosa.” Pesquisadores descobriram fortes ligações entre o aroma, as emoções e a atração sexual. O olfato pode induzir a emoção, que por sua vez detona mudanças neuroquímicas, disse Herz. De todos os sentidos, diz ela, é o único que ultrapassa as partes conscientes do cérebro e vai diretamente para o sistema límbico, a região responsável pela memória básica, motivação e emoção. O olfato evoluiu para encontrar tanto alimento quanto parceiros, e muitas pesquisas descobriram que o odor do corpo desempenha um papel poderoso na atração humana. O desejo por comida atua de forma muito semelhante no centro de prazer do cérebro, e também imita a atividade neurológica que ocorre quando os viciados precisam de uma dose de álcool ou drogas.

Em um pequeno experimento sobre a resposta sexual ao aroma dos alimentos, o fluxo sanguíneo vaginal e peniano foi medido em 31 homens e mulheres que usaram máscaras que emitiam vários aromas de alimentos. Este foi o estudo que descobriu que os homens são suscetíveis ao aroma de donuts misturado com alcaçuz. Para as mulheres, o primeiro lugar entre os aromas mais excitantes ficou empatado entre talco de bebê e uma combinação de balinhas Good & Plenty com pepino. Em segundo lugar, veio uma combinação da Good & Plenty com pão de banana e nozes. O estudo, conduzido pela Smell and Taste Research Foundation de Chicago, também descobriu que o aroma de cerejas causava uma queda drástica na excitação entre as mulheres, assim como o cheiro de carne na brasa. Alan R. Hirsch, que conduziu os experimentos, disse que as respostas não provaram que o cheiro de torta de abóbora é uma resposta fisiológica arraigada que levaria o homem comum a desfrutar dos benefícios do aumento do fluxo sanguíneo peniano. De fato, ele sugeriu, os aromas poderiam ter invocado memórias poderosas nesta pequena amostra de pessoas, como um caso de amor no de dia de Ação de Graças há muitos anos atrás, ou uma experiência ruim com cerejas.

Herz disse que o estudo era muito limitado para dar crédito a qualquer conclusão, mas ela concorda com a visão de que as experiências passadas com o aroma são fundamentais. “Quando sentimos cheiros almiscarados, pensamos em sensualidade”, disse. “Na América do Sul, produtos de limpeza são feitos com almíscar, então quando uma mulher sente cheiro de almíscar, ela tem mais chances de pensar em produtos de limpeza do que em lingerie.” Herz chama o processo no qual os aromas se tornam positiva ou negativamente arraigados na memória de “aprendizado associativo do odor”. O cheiro de hospital pode levar ao que ela chama de “preocupação com a cirurgia”, enquanto o cheiro de donuts e croissants gera sentimentos de conforto ou satisfação.

Descobriu-se que o cheiro de coisas assadas têm associações tão positivas para os norte-americanos que algumas empresas, usando uma estratégia cada vez mais comum conhecida como marketing do aroma, lançam o cheiro de cookies de chocolate ou outros aromas agradáveis em seus estabelecimentos para criar sentimentos felizes que, esperam, levem as pessoas a gastar. A memória nostálgica desencadeada pelos aromas, conhecida como Efeito Proustiano, foi adotada por alguns chefs que acreditam que comer deve ser uma experiência sensorial completa, envolvendo o gosto, o aroma e até mesmo o som. Heston Blumenthal, do Fat Duck em Bray, Inglaterra, convida os clientes a escreverem memórias de comida da infância e usa essas ideias como inspiração para seus pratos. Grant Achatz, do Alinea em Chicago, já serviu alimentos em pedaços de madeira queimados, sobre um véu de folhas de eucalipto e em travesseiros cheios de ar aromatizado com lavanda, café ou zimbro. Ele derrama água quente sobre o feno e usa o líquido para evocar a memória de passeios no campo (ou, talvez, de rolar no feno, dependendo do jantar).

Parece pouco provável que esses restaurantes façam um menu de Dia dos Namorados, mas seria um bom conselho para aqueles que o fazem que complementem o romance com um pouco de bom senso. No Bar Americain em Manhattan, por exemplo, o menu dos namorados incluirá ostras com menta mignonette; filé mignon com especiarias, hash browns (espécie de bolinhos fritos de batata) e molho; e torta “red velvet”.

Amy Reiley, consultora de restaurantes e autora de livros de cozinha especializada em alimentos e vinhos sensuais, disse que aprecia a inclusão de ostras e menta. Mas, ela disse, “este é o tipo de comida que faz com que você queira dormir depois, e não dançar aquele tchá-tchá-tchá na horizontal.” Da mesma forma, o jantar planejado no MidAtlantic é “pesado demaaaais para uma celebração pré-coito”, escreveu ela numa mensagem de e-mail. Além da sobremesa de donut, ele tinha ostras, filé, batatas, couve-flor gratinada e, na opinião dela, muita proteína e amido para sair de um jantar com energia suficiente para levar a cabo segundas intenções.

Reiley, autora de um livro de receitas estruturado como “A Alegria do Sexo”, sugere que os restaurantes que queiram servir um menu verdadeiramente carnal optem pela guacamole, e não só porque os abacates são há muito considerados afrodisíacos. “Para mim, um dos atributos de maior sucesso de uma refeição afrodisíaca são as cores, os aromas, sabores e texturas que despertam o palato e desafiam a mente”, disse ela. “Guacamole, na forma como é tipicamente servida, oferece uma cobertura aveludada para os salgados crocantes, um acompanhamento frio, escorregadio e sensual para os burritos e tortas.”

Ela também gosta de usar bastante açafrão, menta e baunilha, todos ingredientes que considera afrodisíacos e, é claro, pimenta chili. E como Reiley escreve em seu livro de receitas: “Vinho é um afrodisíaco. Aí está. Ponto final.” Mas qualquer um que siga essa dica também deveria ter em mente o alerta de Shakespeare em Macbeth: o álcool “incita o desejo, mas acaba com o desempenho.”

Tradução: Eloise De Vylder


quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O cru e o cozido - morre o antropólogo Claude Lèvi-Strauss


Em 30 de outubro de 2009 o mundo perdeu um dos maiores pensadores e pai da antropologia estruturalista, Claude Lèvi-Strauss. Segue abaixo um texto bastante coerente com esse blog, escrito pelo sociólogo Carlos Alberto Dória sobre um dos livros de Lèvi-Strauss, " O Cru e o Cozido", responsável por permear e guiar minha vontade de estudar e pensar mais sobre a c
omida e a cultura.


Um homem que morre aos 100 anos já não é qualquer pessoa. Principalmente se ele acha que, assim como o mundo começou sem o ser humano, vai terminar sem ele. É uma ideia que dá à existência uma dimensão meteórica. E a vida de Lévi-Strauss vale por onde ele passou e pelo que nos é dado ver da sua luminosidade.

Quando chegou ao Brasil para lecionar na USP, em 1935, São Paulo era uma província. Agora, quando morre, é um país que tem profundo débito com seu pensamento. Ainda hoje estamos lendo Lévi-Strauss com uma frequência já rara no mundo. Uma das leituras que apreciamos é a sua relação com a alimentação, especialmente a partir do seu livro O Cru e o Cozido (1964).

O livro não é uma monografia sobre alimentação. Em compensação, estudando os mitos dos nossos índios, se deu conta de uma coisa fundamental: a cozinha é aquela atividade que converte a natureza em cultura; é a metáfora mais pertinente da cultura. O homem, atado às coisas da natureza é, ele mesmo, natureza. Quando a transforma através do fogo, submete a natureza imediata ao seu projeto e a transforma em cultura. E passa a depender desse trabalho: ele troca a "vida longa" pela "vida breve".

Mas a libertação diante das leis naturais é algo fugidio. As coisas "cruas", naturais, são transformadas em coisas "cozidas", culturais, para de novo voltarem à natureza sob a forma de "podres". As relações cru/cozido/podre ele chamou de "triângulo culinário". Essa metáfora da cultura é universal: os povos do mundo todo possuem suas versões particulares do "triângulo culinário".

O curioso é que Lévi-Strauss jamais poderia imaginar que essa imagem tão abstrata fosse, algum dia, servir a cozinheiros que estão com a "mão na massa". É conhecida a transposição do "triângulo" que Alex Atala faz para o terreno do gosto, criando quatro pontos cardeais.

Alex opôs ao cru (natural) o cozido (doce), e ao tostado (amargo) o podre (o azedo do fermentado). Para ele, cozinhar é dispor os produtos, gustativamente, numa longa linha que vai do cru ao cozido; mas os alimentos podem "escapar" e voltar para a natureza se estiverem muito tostados (queimados) ou a fermentação gere um "podre" impossível de se comer. Assim, o cozinheiro "equilibra" o produto entre os quatro pontos cardeais de forma a ser agradável.

Por acaso este não é um bom "mito" sobre o papel da cozinha moderna? Mas o raciocínio jamais seria subscrito por Lévi-Strauss. Por outro lado, ao estudar a função dos mitos, ele concluiu que eles apenas "são bons para pensar". Eles ajudam a organizar o mundo e nada mais. E não foi isso que se fez, ao se vincular sua obra às necessidades da cozinha moderna "se pensar"? Lévi-Strauss nos deixa no momento em que, abusando de sua obra, passamos a considerá-la muito mais saborosa.

*Carlos Alberto Dória é sociólogo

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos+paladar,o-antropologo-da-cozinha,3376,0.shtm

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Jantar às escuras!

Uma nova modalidade de degustação de alimentos tornou-se moda em São Paulo: o chamado "jantar às escuras". O que já vem sendo praticado ao redor do mundo, agora pode ser desfrutado em alguns restaurantes de São Paulo. A idéia é comer de olhos vendados para ressaltar todos os sentidos em torno da mesa e dos pratos que são servidos. Ao comer sempre damos mais importância ao aspecto visual da comida, é esse sentido que está em primeira instância nos avisando sobre o que vamos ingerir e com isso, relegamos a segundo plano todos os outros sentidos. Parece uma brincadeira gostosa e sadia. Perceber sabores sem poder enxergar estimula nosso olfato e até mesmo a audição entra em alerta. Descobrir texturas, sabores, temperaturas e adivinhar o que está em nossa boca. Ao redor da mesa as pessoas naturalmente tateam em busca de talheres, pratos ou até mesmo levam o alimento com as mãos à boca. Alguns relatos de participantes mostram que a interação dos pessoas é mais evidente, pois sem a visão parece mais necessária a conversa, para que todos troquem experiências e expectativas sensoriais. Esse conceito foi criado na Suiça em 1999 com objetivo de sensibilizar as pessoas sobre os desafios vividos pelos deficientes visuais. Tal modelo foi usado em outros países europeus e virou moda, o que o transformou num evento de luxo e de preços nada acessíveis. Fico imaginando a magia de tal prática: que tal um jantarzinho intímo com seu parceiro? Parece algo bastante estimulante e rico em sensualidade. Essa idéia me lembrou do filme Sem Reservas, onde Catherina Zetta Jones foi exposta a essa deliciosa tarefa. Eu ainda acredito na ética comensal e não expor nossos amigos em torno de comidas que não sejam 100% aprovadas por eles. Nada de servir carne para vegetarianos. Vamos praticar?

Tudo sem ver absolutamente nada!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Paixão por Cupuaçú

Desde que conheci esse ícone dentre as frutas da região norte do Brasil me apaixonei intensamente. Sempre fui um tanto avessa a provar novos sabores mas, graças aos deuses venci esse saboroso desafio com relação ao cupuaçú. Quem gosta, ama... quem não gosta, não tolera. Não há meio termo em torno do sabor dessa fruta genuinamente tropical, assim como o açaí. Estava em Manaus quando provei o suco, o sorvete, o doce, a geléia, o bombom, o licor e tudo que era feito com cupuaçú e seu sabor ácido. Aos poucos a fruta foi ganhando destaque nas outras regiões do Brasil e hoje é comum encontrar sua polpa em qualquer supermercado. Vencemos o desafio e os japoneses não puderam pantentear o nome cupuaçú, assim como queriam. Foram 5 anos de brigas, com o esforço de Ongs e do governo. O nome cupuaçú tem seu uso entre os índios brasileiros e peruanos e sua versatilidade no uso culinário é imensa. Ele tem um parentesco muito próximo com o cacau e pesquisadores vem desenvolvendo um produto chamado de Cupulate, algo como um chocolate a base de cupuaçú, bem mais nutritivo e barato em relação ao cacau. Além da vantagem econômica, o "chocolate" de cupuaçu também é mais saudável. Segundo as pesquisas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, essa fruta tem alto teor de teobromina, substância com efeitos estimulantes iguais ao da cafeína, bem menores que os do cacau. A diferença entre os teores das duas frutas gira em torno de 85%.
Além de seu uso culinário, a gordura extraída das sementes é usada na indústria coméstica em larga escala. A Natura por exemplo, tem uma linha de sabonetes, cremes hidratantes, óleos corporais e outros produtos a base de cupuaçú. Sua propriedade emoliente é perfeita para ser aplicado como hidrantante e o charme fica por conta do seu suave aroma.

Curiosidades sobre o cupuaçú:
    Uso tradicional
    Povos indígenas assim como comunidades locais ao longo do Amazonas cultivaram Cupuaçu como uma fonte primária de alimento desde gerações. Nos tempos antigos, sementes de Cupuaçu foram negociadas ao longo do Rio Negro e Orinoco onde o suco de Cupuaçu, depois de ser abençoado por um pajé foi utilizado para facilitar nascimentos difíceis. O povo Tikuna utiliza as sementes do Cupuaçu para dores abdominais.

    Fonte: www.amazonlink.org/biopirataria/cupuacu.htm

    A árvore chamada de cupuaçuzeiro atinge uma média de 10 a 15 m de altura. As folhas são longas, medindo até 60 cm de comprimento. As flores são grandes, de cor vermelho escura, com características peculiares: são as maiores do gênero, não crescem grudadas no tronco, mas sim nos galhos. O frutos surgem de janeiro a maio. Contém vitaminas, minerais e pectina, uma fibra solúvel que ajuda a manter os bons níveis de colesterol.

    Fonte: Patrícia Lopes - Equipe Brasil Escola
    www.brasilescola.com/frutas/cupuacu.htm

domingo, 6 de setembro de 2009

Magia da diversidade tropical

A diversidade de alimentos nas regiões tropicais ainda é pouco conhecida e está ameaçada, portanto se faz necessário que sejam preservadas, pesquisadas e bem empregadas. Grande parte do que ingerimos tem origem nessas áreas como, por exemplo, banana, trigo, milho, cacau, ervas, abacaxi, gengibre, mandioca, batata, abóbora, cana-de-açucar, dentre tantos outros. Com o uso correto, visando sustentabilidade, a nossa culinária pode ser mais rica. Muitas pesquisas tem evidenciado o poder curativo de plantas desconhecidas na culinária cotidiana, e até mesmo desprezadas pelas culinárias regionais. Muitas espécies selvagens, daquelas que consumimos, representam um grande banco genético para melhoramento das espécies, provendo maiores fontes de nutrientes e cura de doenças.

Magicamente falando, temos uma riqueza inigualável em nossas terras tropicais que muitas vezes nem nos damos conta. A bibliografia que consultamos, na grande maioria traduzida do idioma inglês, trata do uso de ervas, resinas e incensos empregados no nosso cotidiano ritualístico e não encontrados por aqui, além de terem sua origem do outro lado do hemisfério. Fico pensando por exemplo, na dificuldade que deflagramos para encontrar sangue de dragão. Há quem encomende, aguarde um tempo desconhecido para a chegada e ainda pague altas quantias por uma pequena quantidade da resina.

O sangue de dragão é uma borracha resinosa proveniente do fruto do Rotang, uma palmeira trepadeira encontrado na India. Seu uso mágico é o de um poderoso catalisador muito usado em magia de purificação e proteção. Geralmente é usado como tintura com uma coloração vermelho
acentuado bastante característica. Fico pensando também nas famosas bolotas de carvalho, algo praticamente impossível de encontrar no nosso país. Para quem, assim como eu, nunca viu uma bolota de carvalho, segue um link interessante:
www.br.olhares.com/bolotas_de_carvalho_foto2325778.html

A partir daí não é difícil imaginar que podemos fazer associações e uso da diversidade tropical que desfrutamos. No caso específico do sangue dragão, imediatamente penso no aç
aí, fruto proveniente da região norte do Brasil, e difuso por todas partes do país. O açaizeiro é muito semelhante à palmeira juçara encontrada na mata atlântica. Sua coloração vermelha indica semelhança com o sangue de dragão e seu uso mágico pode ser o mesmo. O ideal é sempre testarmos, avaliarmos essas substuições e poder compartilhar dentre as comunidades neo pagãs.Quem sabe não obteremos resultados positivos.



sábado, 8 de agosto de 2009

Açúcar e Afeto!


Com Acúcar, Com Afeto
Chico Buarque

Com açúcar, com afeto, fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa, qual o quê!
Com seu terno mais bonito, você sai, não acredito
Quando diz que não se atrasa
Você diz que é um operário, sai em busca do salário
Pra poder me sustentar, qual o quê!
No caminho da oficina, há um bar em cada esquina
Pra você comemorar, sei lá o quê!
Sei que alguém vai sentar junto, você vai puxar assunto
Discutindo futebol
E ficar olhando as saias de quem vive pelas praias
Coloridas pelo sol
Vem a noite e mais um copo, sei que alegre ma non troppo
Você vai querer cantar
Na caixinha um novo amigo vai bater um samba antigo
Pra você rememorar
Quando a noite enfim lhe cansa, você vem feito criança
Pra chorar o meu perdão, qual o quê!
Diz pra eu não ficar sentida, diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coração
E ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado
Como vou me aborrecer?
Qual o quê!
Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato
E abro os meus braços pra você.

Sempre gostei dessa música, aliás sempre gostei do Chico. Mas essa canção soava com sabor nos meus ouvidos e tempos atrás imaginei que se um dia eu trabalhasse com comida, esse seria o nome: Açúcar e Afeto. Cheguei a sugerí-lo para um amigo que vai iniciar no ramo gastronomia.

Comida, afeto, açúcar e magia parece estar tudo interligado aos meus sentidos. Esses dias lembrei de uma amiga que demonstrava seu carinho e amizade por mim através de guloseimas. Todos meus amigos sabem que adoro comer, mas prá ela, só a comida seria capaz de apazigar a dor ou a tristeza.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Dica de leitura !

Depois de terminar "A Senhora das Especiarias" estou sentindo muita falta da personagem Tilo e seus aromas, suas histórias e segredos. Eu recomendo, impossível não gostar desse livro.

Agora estou recomeçando a ler o livro que comprei no dia do lançamento na Cultura aqui de S.P.. Embora não tenha conseguido o autógrafo, ganhei um sorrisão quando ele passou por mim, lindo, cheio de estilo, rumo ao salão onde faria sua palestra. Segue a dica:

"Em Aguas Profundas", Criatividade e Meditação - David Lynch
Tradução: Márcia Frazão, Editora Gryphus

SINOPSE


Neste livro, uma mistura de autobiografia, história do cinema, ensaio espiritual e manual de meditação, o célebre diretor David Lynch conta como a prática da Meditação Transcendental mudou a sua vida, além de revelar como ela o ajuda a concentrar energias, estimulando sua criatividade e consciência. Um relato de experiências entremeado de histórias jamais reveladas sobre a produção de suas obras-primas cinematográficas. "Em Águas Profundas" é uma leitura imperdível, não só para fãs do cinema de David Lynch, mas também para todos que desejam melhorar a sua própria condição mental, através do desenvolvimento da criatividade e da capacidade de concentração.


Imagens: http://resenhacultural.files.wordpress.com
http://www.travessa.com.br

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Livro das Sombras, caderno de receitas ou ambos?

Estava pensando ainda no tema sobre os livros de receitas. No mesmo instante lembrei dos nossos B.O.S. (Book of Shadows - Livro das Sombras) que toda bruxa tem orgulho em ter um. Não tão sofisticado e bonito quanto os famosos livros de receitas das livrarias, mas fazemos de tudo prá caprichar na capa, no colorido e na letra quando escrevemos nossos encantamentos, rituais ou qualquer outra coisa. Eles são secretos porque só dizem respeito à nós bruxas e bruxos ou aos grupos, denominados covens. São diários contendo nossos melhores esforços de colocar em prática tudo que aprendemos durante nossa caminhada sacerdotal, nossos erros e acertos mágicos, nossa leitura pessoal do mundo, das pessoas e quiçá dos deuses. Devem ser guardados com todo carinho e respeito e passados através das gerações dentre as Tradições Pagãs, como fonte de consulta e aprendizado. Quando reflito sobre essa e outras finalidades do B.O.S., imediatamente o associo com os livros de receitas de nossas mães, avós ou tias que são passados através dos tempos dentre as gerações, como se cada ingrediente, cada receita fosse tão mágica quanto qualquer encantamento de uma bruxa. É como se cada núcleo familiar, na sua maioria feminino, fosse dententor de mistérios culinários que envolvem rituais, magia e muito sabor. Não há como negar que a grande maioria das moçoilas recebem num determinado momento da vida, algumas receitas de família, ou na forma de um rito de passagem silencioso ou até mesmo porque elaboram seu próprio caderno de receitas. Comigo foi um misto das duas coisas. Quando tinha vinte e poucos anos ganhei de presente da mãe de uma amiga, a Leila, um caderno que ela iniciara com muitas receitas de doces e salgados. Na maioria essas receitas faziam parte do seu repertório familiar e outras foram adquiridas pelo tempo, através das amigas. Gostei muito da idéia. Tratava-se de um livro de capa dura, recheado de fotos recortadas de revistas, com imagens que davam água na boca. A iniciativa da amiga Leila propiciou que eu continuasse a preencher aquelas inúmeras páginas em branco, num exercício de completar aquele caderno com as receitas que foram elaboradas e realizadas pela minha mãe. Não era pouca coisa. Minha mãe nunca foi uma glutona, mas sempre decidiu que comer bem era essencial em nossa casa. Para ela, com pouquíssima informação sobre a diferença de um alimento protéico ou apenas calórico, o essencial era estarmos satisfeitos frente à mesa farta em nossa casa. Até hoje, ela acredita que estar saudável e alimentado só depois da sobremesa ou uma imensa barra de chocolate. "Alimento é aquele que traz alegria, prazer e com certeza, engorda. Gente magra não pode ter força suficiente para a vida". Essa sempre foi e ainda é, a filosofia culinária predominante da Dona Glorinha. Há muitas mães assim e muitos filhos, assim como eu, que se beneficiaram com esse postulado gastronômico, sem conhecer o triste resultado disso tudo. Eu, só agora que passei dos quarenta que compreendi a necessidade da reeducação alimentar e no pensar sobre a comida de forma diferente, buscando saúde e prazer. A cada novo prato que ela elaborava era como se estivesse fazendo um carinho em mim e no meu pai, seus fiéis escudeiros na hora da mesa. É como se entre nós três, fosse gerada uma cumplicidade através do paladar. Ela fazia de tudo para aliar seu conhecimento da cozinha da juventude em Minas Gerais, com o que as amigas ou as revistas ensinavam. A novidade era sempre mais prazeirosa prá ela. Quando dava certo e era aprovada por mim e por meu pai, tornava-se tradição e definitivamente incorporava o seu caderno de receitas. Quando eu fui selecionar as receitas para o meu caderno não tinha noção da quantidade de material que eu tinha disponível na minha memória. O creme branco com suspiro em cima, o bolo de sorvete, o tradicional pudim de leite, o manjar branco, o velho bolo de cenouras e tantas outras delícias que ela fazia. Juntei algumas receitas novas que hoje, já são tradicionais prá mim também. Voltando a pensar na minha mãe, fico imaginando que padrões ela buscava quando manipulava uma fórmula alquímica e culinária naquelas páginas. O que ela tentava transformar nela mesma ou em nós? Por que ela tinha tanta necessidade de manipular mais o açúcar em detrimento dos pratos salgados? Que valores culinários ela trazia da sua mãe, avó ou família em geral? Imaginei que investigar essas questões seria um delicioso exercício para uma bruxa ou qualquer outra pessoa, envolta nos prazeres da magia e da mesa. O quanto podemos descobrir sobre nossos antepassados, sua cultura culinária até chegarmos aos nososs dias. Por isso associo o velho e bom livro de receitas de família com o B.O.S. das feiticeiras. A magia dos sabores em receitas que foram aferidas atentamente por mãos que traziam mais que ingredientes: carregavam afeto e a melhor parte delas, que era expressa em bolos, tortas, pudins ou até mesmo numa simples refeição. Não importa a sofisticação e sim o empenho com que essas mulheres, bruxas ou não, sempre usaram da magia culinária prá nos amar.

Dona Glorinha, minha mãe.
Foto: Aglaia Madora

Imagens: www.google.com/images

sábado, 25 de julho de 2009

A magia das receitas culinárias

São inúmeros os livros de receitas disponíveis nas livrarias. A preocupação de editoras com títulos convidativos, impressões de alta qualidade, imagens que saltam aos olhos do nosso paladar sempre com o objetivo das vendas. São edições para todos gostos. Da união das palavras culinária e magia digitadas no Google é possível encontrar centenas de sites que correlacionam a arte de um , à arte do outro verbete. Não há diferença no requinte do sabor às características mágicas que trazem encanto ao prato. Dessa maneira entedemos magia como, aquilo que está fora do cotidiano, que confere um poder extraordinário ao prato, que propicia poderes extra sensoriais vindos da receita até a boca. Não há como ignorar a riqueza e variedade das receitas, suas sutilezas ou sofisticação. Da sinergia entre culinária e magia é que nascem alguns segredos presentes nas páginas dos livros de receitas. O resultado final muitas vezes é o inesperado. Seguir à risca a receita de um livro como se fosse uma fórmula mágica ou até mesmo química não é garantia de sucesso. São inúmeras as variáveis presentes na cozinha e nas mãos de quem manipula os artefatos e alimentos. Consideramos diferenças desde as emoções ao tipo de utensílios usados, indo até a temperatura do fogão à fase lunar. Portanto, um bom livro de receitas não é garantia de êxito culinário. A comprovação disso é que, uma receita retirada do mesmo livro e elaborada por duas pessoas diferentes em locais diferentes, resultará em sabores e aparência diferentes. As receitas servem como guias, uma fonte de inspiração e diretriz na hora da escolha do menu mas, a magia culinária é única, um poder pessoal e intransferível. O jeito é ir testando e se deliciando!

Imagem: www.google.com/images

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O que entra e o que saí pela boca

Tudo tem sua importância reservada: o que entra e o que saí de nossas bocas. É do reflexo daquilo que comemos, de como nos nutrimos que pulsam nossas emoções através da fala. Tudo está interligado em nosso corpo e no nosso campo emocional. Estar ansiosa com certeza para muitas pessoas significa comer algumas gordurinhas a mais. Para nós mulheres o período que antecede nosso ciclo menstrual e toda alteração hormonal em decorrência dele, pode nos levar a consumir mais açúcar do que o normal. Cada um sofre suas alterações de uma forma diferente e até mesmo bastante padronizada. Eu, especificamente sempre fui muito mais chegada aos doces, chocolates e bobagens calóricas do que às frutas e legumes. Arrependimento puro! O bom é descobrir que nunca é tarde prás mudanças e hábitos alimentares. Passando dos quarenta anos, sinto que meu corpo e minha consciência me cobram mais carinho e atenção com o que entra pela minha boca. Em virtude de alguns momentos coléricos vividos dias atrás, senti muito mal estar vindo do meu fígado. Mal estar que todos nós sabemos quando um órgão tão importante começa a pedir socorro e dizer: "pare de mandar porcaria e me obrigar a trabalhar dobrado. Sou grande mas sou um só!" Fígado não suporta ter que metabolizar nossa raiva, frustração e outras sensações ruins. E claro que, além do padrão emocional que vivenciei, foram algumas barras de chocolate prá dentro da minha boca, um pouco de sanduíches fast food e claro, muito açúcar em forma de doces. O que não me preocupava aos vinte e poucos anos de idade ou não parecia fazer diferença, hoje tem um peso muito maior, primeiramente porque já tenho a consciência do que devo ou não fazer com meu corpo e em segundo porque a idade já começa a cobrar a mudança de comportamento. Foi preciso parar com tudo essa semana. Prestar atenção às minhas emoções. Pedir desculpa ao meu fígado com várias xícaras de chá de hortelã, ajudou um tanto. Pensar no que vou comer daqui prá frente...isso faz uma tremenda diferença. Quanto a raiva, envio ela direto de onde veio. A mim não pertence. Quero sopa com receita de boas risadas prá ajudar a desopilar o fígado. Quero assistir e rir com boas comédias no dvd. Quero falar bobagem e gargalhar das bobagens vindas de alguns amigos, especialistas em ver no mundo um colorido sem igual.

Fiquei pensando nas propriedades do hortelã e em como ele é capaz de me salvar nos momentos piores de indisposição. Bendito Hortelã!

Nome científico: Menta s.p.
Características: planta herbácea perene de porte rasteiro-ascendente, com folhas fortemente enrugadas, crenadas ou denteadas. Existem mais de 25 tipos.
Uso medicinal: estimula o aparelho digestivo, combate prisão de ventre, verminoses e tem também propriedades anestésicas. Pode ser usada em chás ou emplastros, por conta do mentol, com a finalidade de anestesiar picadas de inseto por exemplo. Rica em vitaminas C e A e Cálcio e Ferro.
Características mágicas: planta regida pelo planeta Sol, elemento - Fogo. Purificação, cura, transmutação, proteção.

Imagens: www.google.com/images